Como dançar em Criciúma?
Nos dias 1º, 8, 15 e 22 de setembro de 2020, foram realizados os Encontros sobre Dança em Criciúma, eventos estes que contaram com a participação de profissionais envolvidas(os) com os mais diversos caminhos da dança na cidade.
Criciúma movimenta e mobiliza um cenário de dança construído pela grande variedade de escolas de dança e pela presença de muitos eventos, como mostras e festivais, que são organizados com as coreografias produzidas pelas escolas e por grupos de dança locais. A cidade transita entre produções de dança desenvolvidas em diversos locais e geridas com poucos recursos e propostas de eventos concebidas pela iniciativa privada em espaços privados e com aporte financeiro significativo.
Com uma pluralidade de propostas pedagógicas e com profissionais que, muitas vezes, acabam se deslocando para outras cidades para conseguir fazer suas formações, durante os quatro Encontros, algumas indagações surgiram: quais as parcerias e colaborações que já acontecem entre as(os) profissionais e estudantes de dança em Criciúma? Como as produções em dança existentes na cidade dialogam entre si? A pouca participação das(os) profissionais que atuam em Criciúma durante os Encontros talvez tenha deixado algumas lacunas a respeito de como a dança se constrói de forma colaborativa na cidade. Não há como negar que muitos questionamentos precisam ser feitos (posteriormente), com um maior aprofundamento ao se olhar os movimentos de dança realizados em Criciúma.
Com um cenário que se repete em tantas cidades catarinenses, a falta de comprometimento na realização de políticas públicas em dança denota escassez de oportunidades de trabalho para as(os) profissionais em Criciúma. Escassez de recursos, de projetos formativos e de editais de fomento. Porém, se falta comprometimento por parte do poder público, também falta comprometimento por parte da sociedade civil e de quem faz dança na cidade com as discussões e as lutas constantes para que esta arte ganhe ainda mais forças em Criciúma.
Durante os Encontros, a partir das falas das(os) presentes, foi possível notar o quanto as danças urbanas têm acontecido de maneira potente na cidade, movendo não apenas as(os) artista mas também o público. Se os movimentos de rua criam forças e maneiras de resistir, quem necessita de outros espaços para a realização de suas produções precisa se adaptar à pouca oferta de equipamentos culturais e à falta de estruturas adequadas dos poucos equipamentos que existem.
Fora dos eixos estadual e nacional da dança, o público de Criciúma tem pouco acesso a obras de dança que não sejam as propostas coreográficas vinculadas às escolas de dança. A criação fora do eixo competitivo da dança parece ser um questionamento recente na cidade, e a falta de mecanismos de fomento que apoiem essas produções colabora com a ausência de outras experiências para se pensar-dançar na cidade.
Como dançar em Criciúma? Uma possível resposta seria refletir sobre o que foi relatado de forma recorrente pelas(os) participantes ao longo dos quatro Encontros: promover mais diálogos entre quem produz dança, para que não somente novas propostas aconteçam mas sobretudo para que se potencialize uma cadeia produtiva cada vez mais colaborativa entre os profissionais da dança da cidade.