Como dançar em Balneário Camboriú?

Nos dias 23 e 30 de maio de 2022 foram realizados encontros online para conversar sobre a dança feita em Balneário Camboriú. Os encontros contaram com a participação de profissionais envolvidas/envolvidos em ações e projetos de dança desenvolvidos atualmente na cidade.

Curiosamente, Balneário Camboriú chama a atenção desde o período de produção anterior à realização dos encontros pelo fato do difícil acesso às/aos profissionais da dança atuantes na cidade. A dificuldade inicial percebida fica também evidente durante os encontros nas falas das/dos convidadas/convidados Samantha Carvalho, Roberta Guimarães, Fernando Dalla Nora e Giovanna Tamburo: a falta de diálogo e do senso coletivo entre as/os agentes da dança de Balneário Camboriú parece ser algo recorrente.

Com um Conselho Municipal de Política Cultural fragilizado e uma classe artística pouco à frente das demandas de implantação/fiscalização de ações de políticas públicas para a dança, o panorama da cidade em 2022 resulta no descaso
e na falta de reconhecimento por parte dos órgãos públicos sobre o lugar da dança enquanto potencial de desenvolvimento humano, social e econômico. Ao pensar no desenvolvimento econômico, muito foi colocado durante os encontros sobre os potenciais de investimentos financeiros que cercam a cidade de Balneário Camboriú e como esses são pouco aproveitados para iniciativas culturais. Se faltam recursos públicos e/ou projetos que alinhem iniciativas privadas para o desenvolvimento de ações culturais, como perceber a dança como área de desenvolvimento econômico e como valorizar o trabalho das/dos muitas/muitos agentes da dança que atuam na cidade?

A dança em Balneário Camboriú é composta por muitas escolas de dança particulares que operam com uma pluralidade de modalidades de dança, e, poucas iniciativas de projetos de dança no contraturno das escolas da rede pública, algo que nos últimos anos foi cada vez mais perdendo continuidade e incentivos públicos. Com uma criação de dança fortemente ligada ao que é produzido dentro das escolas de dança, a necessidade de participação em eventos como festivais/mostras competitivas ou não-competitivas torna-se uma finalidade para obter espaços de circulação dos trabalhos coreográficos realizados. Porém, é importante ressaltar que a cidade possui iniciativas de artistas e coletivos de dança que aos poucos vão experimentando outras propostas de criação para além do circuito já conhecido e bem consolidado – de produção de coreografias que atendem os requisitos de festivais e mostras de dança. Como articular outras possibilidades de financiamento/apoio e pensamento em dança que fortaleçam a formação de grupos profissionais? Pelo que parece, Balneário Camboriú aos poucos vai descobrindo algumas respostas que conseguem ser subsidiadas de forma ainda muito limitada aos poucos recursos advindos dos editais públicos de cultura.

Os anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia da Covid-19, atingiram drasticamente a produção de dança da cidade, principalmente no que diz respeito à manutenção dos equipamentos culturais, como teatros e outros espaços para apresentações. Atualmente, embora a dança em Balneário Camboriú pouco encontre lugares públicos adequados e acessíveis para a realização de espetáculos, ações e atividades formativas, a cena das danças urbanas vem ganhando fôlego na cidade, ocupando as ruas e movimentando lugares de resistência.

É notável a expectativa de um novo momento para a dança na cidade nos próximos anos, diferente do que é constatado atualmente. Como então planejar/articular um futuro próximo para a dança na cidade? Como encontrar caminhos coletivos para a dança na cidade, apesar das diferenças de pensamentos e fazeres? Como subsidiar recursos para a dança numa cidade em que há grandes investimentos em outras áreas? Como dançar em Balneário Camboriú? Percebendo e acolhendo as divergentes possibilidades e modos de criação que já estão sendo desenvolvidas de forma potente nas escolas, nos grupos profissionais de dança e na cena das danças urbanas, e levando em consideração o ato político de colocar uma dança no mundo.

Start typing and press Enter to search

Shopping Cart