Como dançar em Chapecó?
Nos dias 3, 10, 17 e 24 de setembro, foram realizados os Encontros sobre Dança em Chapecó, eventos estes que contaram com a participação de profissionais e estudantes envolvidas(os) com a dança na cidade.
Situada no oeste catarinense, Chapecó aponta caminhos significativos para a dança, pois percebe que é preciso valorizar o que já se faz e, “apesar de a cidade estar longe de tudo” (fala recorrente durante os quatro encontros, em referência à localização geográfica), que a dança, ou melhor, as danças constroem seus próprios modos de fazer na cidade.
Com uma variedade de escolas de dança, a cidade também se destaca por sua dentro dos espaços formativos, principalmente para crianças e adolescentes. As criações coreográficas, em sua maioria, são vinculadas ao fazer no interior das escolas de dança e direcionadas aos eventos por elas produzidos, como os espetáculos de final de ano e/ou as participações em festivais e mostras de dança. Inclusive, as(os) profissionais relataram a urgência de mais eventos como esses na Região Oeste, para que possam circular cada vez mais com as produções coreográficas feitas com as(os) alunas(os) e compartilhar momentos de intercâmbio com outras escolas e profissionais, através das ações formativas que os festivais costumam manter em suas programações.
Assim como muitas cidades catarinenses, Chapecó carece de formações e de oportunidades para quem quer trabalhar profissionalmente com a dança; logo, sua cadeia produtiva de dança também é tímida em caminhos para atuação em áreas específicas como a produção executiva de espetáculos e a produção escrita de projetos culturais para editais de fomento, por exemplo.
O entendimento da dança como carreira profissional é construído através das poucas iniciativas levadas a cabo por artistas que se arriscam, por exemplo, a pensar em possibilidades fora das expectativas do que uma dança pode/deve ser, uma vez que poucos se inscrevem nos editais de cultura já disponíveis na cidade. Há muitas(os) artistas e professoras(es) atuando na cidade, mas, na dança, a procura por financiamento público para as próprias produções ainda precisa acontecer com mais afinco. A figura de um(a) produtor(a) de dança que lide com as demandas pertinentes à execução de um projeto cultural é algo que também pouco aparece.
Com uma política pública para dança que, aparentemente, se fortalece principalmente através da variedade dos editais/prêmios de cultura já existentes, como a cidade de Chapecó poderia efetivar políticas públicas que não somente fomentem editais/prêmios mas também contemplem tantas outras pautas igualmente urgentes para o fazer da dança?
Conforme os relatos obtidos durante os quatro encontros, o tema ‘políticas públicas’ se fortaleceu entre as(os) profissionais e estudantes de dança, principalmente a partir da pandemia de Covid-19. E não somente por quem constrói a dança na cidade, pois muitas(os) profissionais e estudantes que pertencem às cidades da Região Oeste se apropriam cada vez mais do entendimento de que as mudanças só acontecerão se houver mobilizações coletivas, bem como que as políticas culturais são do interesses de todas(os). Atualmente, em 2020, há um diálogo bastante profícuo acontecendo entre Chapecó e as cidades que compõem a Região Oeste de Santa Catarina, através da Setorial de Dança do Oeste, o que tem permitido a troca de experiências e o engajamento em uma luta coletiva que visa assegurar direitos e promover avanços nas pautas do setor de dança, as quais incluem não somente a manutenção de editais de fomento mas também a manutenção dos espaços culturais existentes e a construção de novos equipamentos culturais com condições de acesso e locação mais favoráveis à classe artística.
Como dançar em Chapecó? Uma possível resposta seria: fortalecer os encontros que já acontecem e encontrar maneiras de concretizar as inquietações que se manifestaram com tanto entusiasmo em cada profissional com que conversamos durante o Projeto ocorrido na cidade.