Como dançar em Itajaí?

Nos dias 26 de maio de 2022 e 02 de junho de 2022 foram realizados encontros online para conversar sobre a dança produzida em Itajaí. Os encontros contaram com a participação de profissionais envolvidas/envolvidos em ações e projetos de dança desenvolvidos na cidade.

Em Itajaí, assim como na cidade de Balneário Camboriú, a equipe do Projeto “Como dançar em SC?”, no período de produção, também teve dificuldades em acessar as/os agentes da dança para que elas/eles pudessem participar dos encontros. A partir das falas das convidadas Isleide Steil e Ana Clara Marques e do convidado Mauro Filho. A desarticulação da classe artística é um ponto chave para constatar as ausências citadas.

Quando falamos em ausência logo podemos percebê-la por meio do esvaziamento do número de agentes da dança na composição da Setorial de Dança do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Itajaí, e também na pouca adesão
em ações formativas de dança, propostas por artistas ou instituições. Quando se trata da ausência na educação em dança na cidade, há três pontos relevantes: a falta de programas e projetos formativos que garantam uma formação continuada – que inspire e que dê suporte para um futuro profissional na dança –; a falta de valorização das/dos professoras/professores de dança; e a falta de uma percepção de dança para além do lazer/entretenimento, e sim como área do conhecimento e
integrada à grade curricular das escolas regulares.

Itajaí, assim como percebido nas outras cidades catarinenses contempladas no Projeto “Como dançar em SC?”, possui uma produção de dança atrelada às escolas de dança e a poucos grupos profissionais, propondo outros modos de pensar fazer dança. Um exemplo relevante de grupos que operam fora dos circuitos já conhecidos na cidade, é a Karma Coletivo de Artes Cênicas, promovendo ações significativas dentro do cenário da dança contemporânea por meio de atividades
formativas, criações de espetáculos e performances. Assim como a Karma Coletivo, é importante ressaltar o Grupo de Dança Univali e o Festival Nacional Universitário de Dança de Itajaí, uma vez que seus desdobramentos e provocações possibilitam outros olhares e fazeres em dança.

A importância de uma formação específica em dança é algo marcante nas falas das/dos participantes dos encontros, visto que a maioria das/dos agentes da dança, em função da falta de uma graduação em dança, buscam formações em outras áreas, como cursos de Educação Física e Pedagogia. Vale lembrar que, o projeto de estabelecer uma graduação em dança na Universidade do Vale do Itajaí ainda caminha para ser implantada na cidade.

O cenário da formação e da atuação das/dos agentes da dança em Itajaí é muito semelhante às outras cidades contempladas pelo Projeto “Como Dançar em SC?”: formação acadêmica em áreas que não a dança e/ou formação em cursos livres e tecnicistas de dança. Tendo passado por essas formações, a atuação destas/destes profissionais, na maioria das vezes, divide-se na docência – em vários espaços formativos – e, ao mesmo tempo, e/ou gerenciando suas próprias
escolas.

Então, pela a maioria das/dos profissionais de dança de Itajaí se localizarem e se isolarem nos seus próprios espaços formativos, as ações colaborativas ou intercâmbios entre artistas acabam não acontecendo com frequência na cidade. As produções e criações, isoladas dentro das próprias escolas de dança, são apresentadas em espetáculos de final de ano ou em festivais/mostras de dança realizados em Itajaí e em outras cidades catarinenses, para um público composto na sua maioria de familiares de alunas/alunos. Assim, Itajaí ainda caminha para ter uma programação de dança regular o ano todo e que ocupe diferentes espaços físicos.

Quando se fala de uma programação de dança, e das/dos responsáveis para que isto aconteça logo, é pertinente comentar a falta de produtoras/produtores que atendam as especificidades da dança na cidade, desde, por exemplo, a escrita de um projeto cultural até as funções atreladas a produção executiva. Cargos esses que muitas vezes é ocupado pelas/pelos próprios artistas e/ou professoras/professores das escolas de dança.

De um modo geral, os dois encontros sobre a dança em Itajaí apontam, por um lado, a atual falta de valorização e de remuneração financeira adequada para as/os profissionais que atuam com dança. Por outro, uma produção intensa dentro das numerosas escolas de dança, bem como o avanço no desenvolvimento de iniciativas, estratégias e modos de produzir e criar danças que ampliam espaços de discussão e fruição da dança.

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